17 de maio de 2008

Uma carta

Querida Pulga, hoje acordei com o barulho do orvalho. Levantei-me devagarinho e espreguicei a alma. O chão estava frio pulguinha, arrepiei-me. Só com um olho aberto fui à sala das memórias e espreitei pela janela. O céu estava cinzento e o orvalho fazia tanto barulho... deslizei para o chuveiro sem despir a roupa dos meus sonhos. A água caiu, continuou a caír, gelada, seguindo sem encontrar pedras pelo caminho. Decidi que não devia usar uma toalha, a água acaba por secar, bem como tudo o resto. E saí, saí pra rua, assim mesmo, de sonhos molhados e ainda com as memórias da minha sala no corpo. Por momentos senti frio mas começou a acalmar... o meu corpo reagiu e um calorzinho começou a despertar na minha barriga. Foi-se espalhando pelo corpo e eu deixei de sentir frio. Passou... fiquei sentada durante horas naquele muro de silêncio a observar as gentes, as folhas que resistem ao vento e o orvalho que caía como se me quisesse transformar numa gota... o calor veio... e o frio passou. Como poderia eu conhecer um, sem nunca ter experimentado o outro? (nunca é demais mostrar aos que amamos o quente e o frio da caminhada...amo-te pulga)


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