30 de maio de 2008

A insustentável leveza do...

Foi sem olhar, comecei a chorar. Chorei sem saber, talvez sem sentir, seria fingimento verdadeiro? O momento parou, uma não coincidência ou seria coincidência? Pensa lá... em que acreditas tu? Vamos mantendo o contacto, assim, por telepatia no meio da empatia. Vamos desenhando sons nas paredes dos segredos, confidência? E falas? Não, cala-te... a água ferveu, evaporou-se, subiu aos céus, formou uma nuvem... choveu, não choveu e continuou a chover...cala-te. As portas abrem-se, eventualmente, mas já pensaste que também podes entrar pela janela? Cala-te...

26 de maio de 2008

Hoje choveu em mim... mas ontem não... hoje corri na chuva mas ontem ela parou para me ver caminhar. Será que ela sabe? O que se esconde atrás deste pensamento? Julguei-a cúmplice, ontem e hoje. Ontem por me permitir caminhar, hoje por me fazer correr. Julguei-a estranhamente sábia, ontem e hoje. Ontem por me provocar o aconchego, hoje por me recordar dele enquanto caía em mim. Sim, até a chuva sabe, quando deve parar e quando deve começar. Sim, até a chuva cede quando há magia no ar. Magia? Sim, aquela do pensar e do não saber, aquela do saber e não pensar. Sim, aquela que encontras por baixo da pedra que chutas, da flor que pisas, do ramo que arrancas. Sim, aquela que surge no meio da alegria da multidão envolta na tristeza mais profunda... que grita aos teus ouvidos mas tu simplesmente não a consegues escutar porque continuas a caminhar sem para nada olhar.

17 de maio de 2008

Uma carta

Querida Pulga, hoje acordei com o barulho do orvalho. Levantei-me devagarinho e espreguicei a alma. O chão estava frio pulguinha, arrepiei-me. Só com um olho aberto fui à sala das memórias e espreitei pela janela. O céu estava cinzento e o orvalho fazia tanto barulho... deslizei para o chuveiro sem despir a roupa dos meus sonhos. A água caiu, continuou a caír, gelada, seguindo sem encontrar pedras pelo caminho. Decidi que não devia usar uma toalha, a água acaba por secar, bem como tudo o resto. E saí, saí pra rua, assim mesmo, de sonhos molhados e ainda com as memórias da minha sala no corpo. Por momentos senti frio mas começou a acalmar... o meu corpo reagiu e um calorzinho começou a despertar na minha barriga. Foi-se espalhando pelo corpo e eu deixei de sentir frio. Passou... fiquei sentada durante horas naquele muro de silêncio a observar as gentes, as folhas que resistem ao vento e o orvalho que caía como se me quisesse transformar numa gota... o calor veio... e o frio passou. Como poderia eu conhecer um, sem nunca ter experimentado o outro? (nunca é demais mostrar aos que amamos o quente e o frio da caminhada...amo-te pulga)


15 de maio de 2008

Balão vermelho

Leva o teu balão vermelho, passeia pelas ruas onde todos flutuam...menos tu e o teu balão vermelho... o mundo é teu bem como os sonhos que nele estão. Olhas para cima e tudo é diferente porque não 'é o teu mundo. Abres a porta e o mundo transforma-se em algo que não é teu, nem és tu, não é nada. E o balão chora porque está na tua mão, porque tens medo de o deixar... nada vai mudar o teu mundo a não ser que continues a deixar a porta mal fechada. Deixa o balão, deixe que ele voe, deixe que ele parta para o azul e que seja levado pela brisa. Assim a porta fecha-se e o mundo é so teu...e nada mudara o teu mundo... and nothing is gonna change my world!!! ;) because you're real ando your world will always be your reality, your beautifull reality full of hopes and dreams...filled with wishes made of cotton candy and truffle chocolat smiles!!! Nothing will ever change your world :p


...

Nao sou daqui nem dali, nao de um sitio, nao de um tempo. Talvez de uma alma, talvez outra coisa ainda. Talvez um dia se encontre uma parte de algo a que pertenco...ou de algo que me pertence. Talvez o espirito voe e consiga chegar onde agora nao chego. Talvez entao consiga compreender tudo aquilo que se mostra incompreensivel... e que na realidade nao possui qualquer tipo de ciencia... apenas intuicao... mando um sorriso para sitios especiais feitos de pessoas especiais. Sitios feitos de cores simples e modestas... com pessoas simples e igualmente modestas... modestia que as torna tao especiais e tao profundamente encantadoras... e complexas... um sorriso...

Reticências

Um destes dias dei comigo a falar baixinho...nao sei para onde nem para quem, apenas falava baixinho. Fazia-o sem pensar e talvez ate sem pestanejar...e continuava a falar baixinho. Sera que alguem ouve? Esta nova forma de comunicar? Ou sera apenas um tentativa va de tentar dizer o que vai no mundo do cornetto de chocolate? hmmm (silencio...aqui fala-se baixinho) Seguindo o mesmo raciocinio, tentei apelar ao ouvido "mais proximo" (sera que estava proximo?...la estou eu a falar baixinho)... as respostas surgiram no meio de um mergulho numa agua desc. Apurei os sentidos (o melhor que soube...e sempre bem baixinho) e ouvi um sussurro. Nao muito perceptivel (mas com alguns contornos de familiariedade...baixinho mais uma vez) la consegui ver alguns pontos e coincidencias (sorri...mas baixinho) e tentei juntar as linhas (na tal folha de papel) devagarinho, bem devagarinho (mas sempre a mergulhar) e vislumbrei algumas formas (ja referi o facto de usar uma lapiseira?). Observei-as e percebi que eram ambiguas (como a lingua portuguesa e as traducoes feitas em portugues na linguagem dos mergulhos), fechei os olhos...e elas surgiram na minha cabeca... um pouco mais nitidas (tres, sete, oito, treze...euromilhoes, quica)...mas sempre bem baixinho e no mais profundo dos segredos... sorrisos e suspiros :p

Raízes

Amigo, o que fazes tu enquanto a vida passa? Já espreitaste pela janela do teu cárcere? Deixa esse pensamento, deixa-o partir e sê livre. Existe toda uma sinfonia de cores lá fora e tu estás fechado nessa tua cela de ilusões. A chuva cai e continua a caír enquanto tu pensas se deves ser ou não. Que vazio tão grande e profundo. Hoje esqueci o guarda-chuva, deixei as galochas em casa e saí em manga curta. Saí bem devagar e ergui o rosto para o céu. Ai... a chuva caiu e não abrandou. Corri, mas não para fugir dela, queria mais, muito mais. E ela atendeu o meu pedido. Saltei na primeira poça que vi e molhei as "havaianas". Continuei sem pensar na gripe que vem depois (será que vem?) e fechei os olhos. O cabelo já não tem caracóis, a maquilhagem dilui-se. Finquei os pés no chão, as raízes cresceram. Abri os braços e os ramos estenderam-se. Sou apenas terra da Terra e assim permaneço, serena, contemplativa, enquanto a chuva cai e me faz viver...

13 de maio de 2008

Hope

Esqueci quem sou, num daqueles dias em que o Sol tarda em nascer. O tempo passou e eu sem saber quem sou, onde me perdi. Prosseguia assim sem me lembrar do que nos prende à realidade e à terra dos sonhos. Simplesmente tinha esquecido a aquela fórmula mágica que salva os sorrisos do esquecimento. O maravilhoso disto tudo é que se tivermos semeado as nossas gargalhadas pelo mundo fora não é necessário ter uma memória de elefante ou os post it espalhados pela casa. Basta simplesmente ter o retorno de uma gargalhada que um dia deixamos num qualquer endereço postal e que hoje talvez já nem saibamos de cor e salteado. Basta uma palavra verdadeira e pungente, nada de especial, nada de cores e artifícios, jogos ou artimanhas, apenas uma palavra e o mundo surge novamente em todo o seu esplendor. E fecho mais uma vez os olhos enquanto ouço Jack, inspiro o ar frio que entra pela janela e solto um sorriso e uma lágrima. Já me recordo quem sou. Os sorrisos são assim... os verdadeiros são oferecidos e um dia regressam a nós para nos prenderem à realidade do sonho... a grandeza regressa, os pedacinhos partidos são colados e sentimo-nos verdadeiramente abençoados. Eu sinto-me verdadeiramente abençoada. Pela música, pelo ar que agora entra na janela e pelo sorriso que um dia semeei e hoje me fez lembrar quem sou...

Pontuação

DIz-me quanto vales, diz-me o que significas tu. Terás o charme de uma vírgula? Ou serás tu o mistério inscrito nas reticências? Estou aqui a pensar com os botões que não tenho, de que espécie poderás tu ser... Hmmm agora percebo que me fazem falta os tais botões. CUrva à direita no pensamento e sigo pela estrada das circunstâncias, analiso a situação e todas as envolventes, surge então a possibilidade de um entusiástico ponto de exclamação. O que é que me faz sentir? A energia do Verão do Sul, o cheiro do mato quente a pairar nas dunas, o entardecer numa morada qualquer amando a inércia característica dos dias quentes. Prossigo com o pensamento, desta vez sigo por um atalho. Sempre gostei de enveredar pelos caminhos curtos e acidentados. Levanto o olhar e vislumbro um beco sem saída, o meu ponto final? Firme e decidido? Cortando os caminhos dos "corta-caminhos"? Não sei, não sei. Começo a ficar sem opções, não possuo qualquer tipo de botões, esgota-se-me a pontuação e engasga-se-me a dicção... um suspiro em direcção ao céu... e um sorriso! De um pulo sigo em direcção às nuvens, um ponto de interrogação, um grande e magnífico ponto de interrogação, como é que não pensei nisso antes? Faltaram-me os botões, sobraram-me as lições, quem sabe?

Shhhhiuuuuu

Shhhhhiuuuuuu estás a ouvir? Não? Presta mais atenção. Consegues agora? Shhhhhiiiiuuuu não tentes compreender. Sente, sente. É uma canção, uma melodia. Isola os acordes, um por um. Agora sente a batida. Já ouves? :) Estás a conseguir. Palavras, frases, sussuros entram no teu ouvido com a força de uma onda. Envolvem a tua alma e atingem o coração. Começas a erguer os pés da razão, sim, estás a conseguir. Fecha os olhos, flutua sem receio. Ela leva-te para onde tens de ir, sem receio, sem preocupações, deixa-te ir apenas. Observa com os olhos que desconhecias a imensidão de sensações ou simplesmente a total inexistência delas. Lindo! Consegues voar. Para onde vais? Espera, não regresses já, ainda não, deixa-te ficar mais um bocadinho, o mundo pode esperar, o tempo não está a contar, não há nada para fazer, lugar onde ir, tarefa concreta a executar, sente, o que escolheres sentir... estás a sorrir... não te ia mentir, é verdade, existe. Não podia ter feito de outra forma, os factos da alma são os mártires da razão...agora acreditas, agora vês, agora sentes...não te ia mentir...