Todos nós em algum momento das nossas vidas passamos por uma situação que nos causou dor, pode ter sido muita ou pouca mas foi dor. E o que nos ensinam ao crescermos é que a dor deve ser evitada, começa pela física quando somos pequenos e logo, logo, escala para a emocional. Ao mesmo tempo também nos é ensinado a não chorar, a não mostrar o que sentimos, a não dizer o que pensamos e a dada altura não vivemos mais, somos máquinas formatadas que perderam a sua ligação com o instinto mais básico e mais salutar que o ser humano poderia ter. As emoções são a forma do nosso corpo regular a nossa saúde física e psicológica. As emoções são mensagens que temos ao nosso dispor para seguirmos os nossos caminhos acompanhados de um farol pessoal. As emoções são saudáveis e devem ser vividas.
Mas, não é isso que nos ensinam ao crescermos, seja de forma directa ou indirecta, por palavra ou por exemplo, e assim aprendemos a temer e a fugir daquilo que existe para nos proteger e guiar. Aprendemos a ignorar a "sensação na barriga", a raiva, a tristeza, até mesmo a alegria. Todas as emoções seriam sinal de fraqueza ou descontrolo. Mas porquê? Não é quando o bebé chora que percebemos que algo se passa? Não é a única forma de comunicação que ele tem, as emoções? O que muda quando crescemos? Porque é que não podemos também comunicar com as nossas emoções e vivê-las? Sentimos frio, calor, fome, mas também medo, dor, angústia, alegria, tristeza e muitas outras, porque não expressá-las?
Se nos explicassem para o que realmente serve a dor talvez o mundo fosse um pouco melhor. Se nos mostrassem que não é preciso temê-la ou escondê-la talvez fossemos seres humanos mais felizes, mais capazes, mais humanos. Às vezes basta dizer onde nos dói para a dor passar. E se ao longo do caminho fomos domesticados estamos sempre a tempo de resgatar esses instintos em nós, com calma, carinho e paciência, como um animal selvagem posto em cativeiro e que finalmente é devolvido ao seu habitat natural.
Tudo é possível. Basta dizer onde dói.
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