18 de fevereiro de 2014

Paris e o Amor

Todos os dias quando regresso a casa vinda do trabalho, passo por um daqueles restaurantes a que já me acostumei a ver aqui em Paris, esplanadas em pleno Inverno, cheias de gente, com aquecedores que fazem inveja a qualquer aquecimento que qualquer um de nós posso ter em Portugal. E é num destes restaurantes que pelo menos uma vez por semana vejo um casal sentado na esplanada por volta das sete e meia a beber uma taça de champanhe. Parece-me que cada um deles deve ter os seus 50 anos, ele tem sempre um chapéu, muito habitual entre os franceses e um casacão que lhes dá cá um charme! Ela é morena e a idade sente-se na cara... mas, não é uma idade pesada, carregada de dores, aquela idade que talvez estejamos mais acostumados a ver em tantas das mulheres que passam pela nossa vida. Esta tem uma idade "madura" na cara. Uma idade que se deseja só de olhar para ela. E é bonita sabem? A idade que ela me mostra. Eu "gosto-a" bastante e sempre que a/os vejo, imagino como é que a idade a tratou tão bem, como é que ela conseguiu aquelas cores, aquelas rugas específicas, aquela flacidez que a torna ainda mais bonita. Será que foi aquele homem sentado ao lado dela a beber champanhe? Ou talvez todo um conjunto de homens de chapéu que a levaram durante toda a sua vida a beber um copo de champanhe uma ou duas vezes por semana.
Observo-os ali, sentados ao frio, ele com o seu chapéu, ela com o seu cabelo castanho e o seu casaco de peles e imagino de que se fazem as suas conversas. De trabalho? Filhos? Será que têm filhos? Aquela mulher não me parece tocada por filhos... e no entanto, tudo nela me mostra uma mãe. Amor? Será que falam de amor? Quem é que se senta numa esplanada a beber uma flute de champanhe se não for para falar de amor? E se não falam, tenho a certeza que o sentem, vê-se nas rugas dela e no sorriso dele...


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