De regresso a casa e a fazer um balanço do que foram estas férias para mim. Decidi não escrever tudo no mesmo post porque há muita coisa para dizer que não pode ser deixada de fora, houve muita coisa sentida que deve ser documentada para que eu possa ler vezes e vezes sem conta e não esquecer tudo o que estas férias me trouxeram.
Amesterdão é diferente de tudo o que conheço, diferente do Porto onde cresci, diferente de Paris onde vivo, diferente de tantas outras cidades que conheci e amei, cada uma à sua maneira. Amesterdão "confundiu-me" a princípio, talvez seja a sua energia "abafada" e "contida", talvez seja por estar abaixo do nível do mar, o certo é que nunca havia sentido nada parecido ao que lá senti. Tudo é bonito em Amesterdão mas não é o mesmo bonito de Paris, Paris eu diria "bonito realeza" e Amesterdão "self-made bonito", pequeno, acolhedor, prático, útil, são todas palavras que me surgem ao pensar na cidade dos canais. As casas de tijolo inclinadas com as suas portas pintadas e os sinais de proibição de estacionamento de bicicletas. As pequenas lojas que vão surgindo e nos revelam o empreendedorismo que vive no sangue dos Holandeses, a decoração "clean" e próxima da natureza que tanto me atraíram e que contrastam tanto com a beleza perfeccionista das montras de Paris. As lojas de Amesterdão respiram cores pastel e artesanato urbano, uma delícia.
Se observarmos com o coração aberto podemos sentir a poesia que emana dos canais, das bicicletas presas nas pontes, dos cestos que as enfeitam com flores artificiais, das campainhas que ouvimos como ruído de fundo ao longo do dia. Essa poesia que nos faz sonhar com tempos antigos de um povo que conquistou terra ao mar e que sozinho se fez e se vai fazendo, marinheiros, povo do mar, como nós, Portugueses. O engenho que pude testemunhar no seu sistema de diques e canais e a simplicidade do mesmo, conquistou-me e se dúvidas existissem, a simpatia com que fui agraciada em vários momentos deu-me uma Amesterdanite (paixão aguda por Amesterdão e as suas gentes). E então no final das minhas férias assumo que sofro desse mal e que o meu coração pertence a mais um pedaço de mundo.
Amesterdão parece-me seguir as pisadas dos seus antepassados marinheiros sendo um porto de chegada para pessoas de todas as cores, interiores e exteriores. A zona antiga da cidade continua a ser a taberna dos marinheiros que chegam e procuram o esquecimento, qualquer tipo de esquecimento e entorpecimento, do mar, dos mares, dos capitães, deles mesmos.
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